Não sei exatamente qual foi a fonte, mas há muito tempo sei que, antes de ser mãe, precisaria passar por dois “estágios”. O primeiro é cuidar de uma plantinha e o segundo, de um animal. Superados esses dois desafios, teria dado provas de ser capaz de cuidar de seres vivos e estaria apta para cuidar de crianças.
Quando era criança, morava em uma casa que tinha, no quintal uma roseira e algumas fruteiras. Um dia ganhei uma roseira mesquita. Achei lindo ter rosas em miniatura, mas a plantinha não ficava florida todo o tempo e acabou ficando sem graça. Depois de crescida, fiz várias tentativas de cuidar de plantas. Nenhuma deu certo. Matei umas 3 ou 4 roseiras, 2 bonsais e uma samambaia. De fato, as plantas e eu não nos entendemos.
Resolvi pular esse teste. Ele era pré-requisito para o próximo, mas achei que seria melhor ignorar essa informação. E decidi criar um animalzinho.
Deparei-me com um problema: Meu pai. Ainda morava com ele, que não aceitava animais sujando a casa. A solução foi criar peixinhos. Fiquei animadíssima. Fui ao mercado e comprei aquário, bomba, ração, pedrinhas, plantinhas aquáticas e 10 peixinhos, digo, 11 pois ganhei um de brinde. Coloquei tudo no carro e, sem experiência nenhuma, fui montar meu aquário. Fiquei chocada quando cheguei em casa e encontrei 2 peixinhos mortos. Liguei pra um amigo, Eduardo, que cria peixes há muitos anos e tem um aquário belíssimo. “Ah! Desencana! Peixes são muito frágeis e morrem por qualquer motivo. Você deve tê-los chacoalhado muito durante o transporte.” OK! Então vamos cuidar dos sobreviventes.
Enchi o aquário, seguindo todas as orientações do mestre Eduardo. Quando passei os peixinhos para ele, de imediato, um ficou imóvel e de barriga pra cima. Lá se foi mais um. Ao final do dia, eu tinha um aquário lindo com 8 peixinhos e, em um saquinho , 3 cadaverezinhos. “Alô! Eduardo? Eu moro em apartamento. Como faço o funeral dos peixinhos?” “O que???? Colocar no vaso sanitário e dar descarga????!!!!!” Que horror! Pior que a morte é a falta de dignidade.
Nos dias que se seguiram, precisei dar descarga uma ou duas vezes por dia, até restarem apenas 2 peixinhos no aquário. Aguardei uns dias e eles se mantiveram vivos. “Ah, acho que agora peguei o jeito da coisa.”
Voltei ao mercado e comprei mais peixinhos. O aquário virou uma festa, animado, colorido, cheio de vida. Mas no dia seguinte...
“Eduardo, SOCORROOO!!!”
Ele só ria e me chamava de estressada. E morreu um e outro e mais outro até restar apenas uma fêmea... grávida! Ela estava grávida!!!!! Enfim, vida novamente ao aquário! Nasceram os peixinhos, tão pequenininhos que quase não os enxergava. Alguns dias mais tarde já os encontrava com facilidade. Estavam mais crescidinhos. Mais dias se passaram e passei a não encontrar todos. “Será que estão morrendo?”
- Eduardo!!!!!
- Seu aquário está bem sujo?
- Claro que não! Está bem limpinho.
- Então vai morrer tudinho!
- O que????
- Os filhotes se alimentam de lodo e matéria orgânica que fica no fundo do aquário. Agora, o que você pode fazer é dissolver a comida em água até formar uma laminha e colocar pra eles. Pode ser que dê certo.
Obedeci! Em parte, funcionou. As mortes se tornaram menos frequentes, mas nenhum dos filhotes ficou adulto. Desisti do aquário. Quem foi que falou que aquário acalma e tranquiliza?
A uma altura dessas pensava: ”Todo ser vivo que fica aos meus cuidados morre. Será que vou matar meus filhos?”
Em fevereiro de 2008, estava me organizando pra casar. Já tínhamos apartamento alugado, que era onde meu então noivo estava morando. Foi quando conversei com uma colega que criava um gato Persa. Ela me falou, de forma apaixonada, o quão maravilhoso é criar Persas. São criaturinhas calmas, companheiras e independentes. Fazem suas necessidades no lugarzinho correto e são carinhosos sem serem carentes. Surtei! “Quero um Persa! Quero um Persa! Quem me vende um Persa?” Passei a ler tudo sobre a raça, ver fotos na internet e ligar pra todos os Pet Shops.
Faltavam 4 meses para o meu casamento. Conversei com meu noivo e convenci-o de aceitar o gatinho, na nossa futura casa, e me comprometi a ir lá diariamente pra cuidar dele. Então surgiu Haroldo em nossas vidas. Era um filhotinho de 2 meses. Enfim deu certo!
Haroldo não morreu, pelo contrário, cresceu, se desenvolveu, está bem nutrido, vacinado, vermifugado, saudável e feliz. Depois de um ano, comprei uma companheira para Haroldo, Liana.
E, no ano seguinte, chegou Kerida, uma Ararajuba muito carinhosa, carente, dócil e escandalosa.
Há quase 6 meses, nasceu Corisco, filho de Haroldo e Liana.
Agora, cuido de 4 animaizinhos e dou conta direitinho. Já passamos por situações de doença e fui capaz de superar. Educo, cuido, dou remédios, escovo dentes, dou banho, amo e sou amada por eles. Acho que já posso ser mãe!
Silvinha só voce pra contar uma história dessas e me fazer morrer de rir! rsrsrsrrssr
ResponderExcluirGostei! mas ainda acho que pular a parte das plantinhas foi sabotagem em! rsrsrs
Faz isso não, Mozart! Senão não vou poder ser mãe nunca. Eu e as plantinhas, a gente não se entende.
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