sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

O Aconchegando completa 1 ano!

"Chegou a hora de apagar a velinha. Vamos cantar aquela musiquinha..."
O blog está completando um aninho de existência. E eu estou muito feliz.
Quero de agradecer a Carlos Eduardo, que me deu a idéia de escrever um blog e me tirou várias dúvidas. Quero agradecer também a Rafael, meu irmão, que está me ajudando com a mudança de endereço. Pois é, vou deixar o Blogger e aderir ao Wordpress. Em breve, estarei em www.aconchegando.com . Por enquanto ainda estou de mudança.
Quero agradecer também a cada um que visitou o blog, que seguiu, que comentou... Muitíssimo abrigada!
E aproveito também para desejar a todos um 2012 maravilhoso, cheio de paz, felicidades, sonhos realizados e muito aconchego no coração.
Um grande abraço a todos!





sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Um sonho

O ano novo está chegando. É natural, nessa época, recordar o que passou e planejar o que virá. Desejo tantas coisitas para 2012, mas a grande meta é, sem dúvida, ser mãe.
Tenho uma outra grande meta, que não vai dar pra realizar em 2012, mas acontecerá em um futuro próximo. Quero um pedaço de terra (um sítio, um rancho, fazenda, chácara ou sei lá o que) pra criar animais, pra tirar frutas do pé, pra reunir amigos, pra dar espaço e liberdade às crianças que virão... Como descreve bem a música de Gilson e Joran: "Eu queria ter na vida simplesmente um lugar de mato verde pra plantar e pra colher. Ter uma casinha branca de varanda, um quintal e uma janela para ver o sol nascer" Quero sim ter um varandão pra reunir uns violeiros e cortejar a lua cheia. Já a palavra "casinha" não descreve bem o meu objetivo. Quero mesmo é uma casa gigante, pra caber todos os amigos e familiares que quiserem aparecer, sem que eu precise me preocupar onde acomodar cada um. Tem que ser grande pra caber todo mundo, mas não são necessários requinte e sofisticação. Quero simplicidade! Pensei em fazer uma área de lazer para as crianças com piscina e quadra para esportes. E, no São João, essa quadra se transformará em arraial. Ah! Lá vai ter muito forró! No nosso café-da-manhã, nunca faltaram frutas colhidas no nosso quintal, leite fresquinho tirado da vaca e ovos vindos das nossas galinhas.
Lá vai ter gente falando alto, crianças brincando e correndo, som dos mais diversos animais. Há de ter também noites estreladas, histórias a serem contadas, rede na varanda e um clima agradável.
Minha vontade é aproveitar o espaço para montar minha Arca de Noé. Criar um casal de patos, de burrinhos, de guinés, de perus, um galo e uma galinha, um bode e uma cabra, um boi e umas vaquinhas, um cavalo e uma égua, gatos, cachorros, araras, papagaios, saguis, porcos e o que mais couber. Tudo sem fins lucrativos. Quero ter o prazer de ver a vida acontecendo e presenciar as diversas fases dela. Quero ensinar meus filhos a amarem e respeitarem os animais, as plantas e o planeta como um todo.  
Esse dia vai chegar e tomara que não demore muito!





sábado, 26 de novembro de 2011

A casa de Vovó

Como falar em aconchego e não fazer referência à casa da minha avó?
As avós são criaturas que amam como as mães, porém sem o compromisso de educar e impor limites. Isso as torna seres pra lá de aconchegantes. Em geral, elas são pessoas experientes, que já erraram muito na criação dos filhos e que, com os netos, têm uma segunda chance para acertar. Calejadas que são, elas já se libertaram das pequenas amarras que atrapalham a felicidade, já se deram conta do quanto a vida é curta e estão disponíveis para aproveitar o que há de melhor e o que vale a pena ser vivido.
Minha avó especificamente é a personificação do aconchego e a casa dela é como um ninho. Lá sempre tem lugar para todos. Era comum familiares passarem períodos morando lá, uma vez que a maior parte da família é residente de pequenas cidades, no interior do estado.
Quando vieram os netos, a casa vivia cheia. Eram risos, choros, brinquedos, fraldas por todo lado. Fomos crescendo e entendendo que a casa de Vovó era a nossa casa, mas com algumas vantagens de bônus. E aquele era o lugar escolhido para as pecinhas (apresentações de dança, teatro e desfile, criadas por nós mesmos). É nosso ponto de encontro, é onde plantei meu Pau Brasil, onde enterrei o corpinho da minha gatinha falecida, onde fazemos pequenos consertos de roupas, onde a manicure vai fazer nossas unhas, onde assistimos os jogos da Copa do Mundo. É lugar de ser rezar o terço, de comer canjica e pamonha no dia de Santo Antônio. Lá tem cheiro de café e se escuta a Ave Maria às 18:00h. Tem Zeza falando alto e os 3 cachorros sempre em festa. Tem amigo-secreto, no Natal, com toda a família reunida e um missa na calçada com a comunidade toda presente.
Pouco lugares, no mundo, conseguem significar e reunir tanto.


Seguem aqui algumas fotos:









sábado, 12 de novembro de 2011

Criança faz cada coisa...



Há uns dias, estava voltando de uma cidade vizinha pra Recife. Estava dirigindo sozinha. O som estava ligado e a cabeça, nos lugares mais longínquos. De repente, veio-me uma lembrança que me fez gar-ga-lhar.
Eu era muito criança, estava na casa de uma tia. Estava tranquila, brincando sozinha, quando alguém teve a brilhante idéia de me avisar que eu não podia colocar, na boca, uma determinada planta. Mostrou-me a planta. Era uma Comigo-Ninguém-Pode. E me explicou que ela era venenosa.


Ora eu não comia alface, coentro, espinafre, nenhum tipo de folha, por que danado eu iria enfiar Comigo-Ninguém-Pode na boca? Aviso completamente desnecessário, não é? Pois é... Mas eu fiquei com aquilo martelando no juízo. Tive medo de esquecer do aviso e comer a planta, sem querer. (Pode?) Não conseguia me desligar da ameaça. Então, displicentemente me aproximei dela... Olhei... Passei a mão... O diabo atentou... E Pei-buff! Enfiei a folha na boca!
Na mesma hora, bateu o arrependimento, o medo, o desespero. Desatei a chorar! Chorei muuuuito! E repetia: "Eu vou morrer!!!" "Eu esqueci!" "Eu vou morrer!!!" A casa inteira tentou me consolar e nada. Já tinham me dito que a danada era venenosa e agora queriam me convencer de que não era mais? Sem chance! Continuei chorando e afirmando que ia morrer. Até que alguém descobriu um antídoto contra o veneno da planta malvada: Um PIRULITO! Deram-me um pirulito e ainda me fizeram as seguintes recomendações: "Tem chupar ele todinho e depois tomar um copo de água." Desempenhei minha tarefa com todo o afinco e olha só! Deu certo! Estou vivinha pra contar a história. Hehehe...


E viva o Id, determinando nossas vidas!



sábado, 5 de novembro de 2011

Mentes Criativas


Considero-me uma pessoa de muita sorte por ter um trabalho tão interessante. Sou psiquiatra. Entre os médicos, essa especialidade não é das mais valorizadas. Não é incomum ouvir piadinhas do tipo: "Ah, então você largou a medicina?" "E aí? Já tá ficando doidinha? Todo psiquiatra acaba ficando doido!" A reação mais comum é pedir que eu tenha cuidado, pois "os doentes mentais são muito violentos". É verdade que alguns incidentes podem ocorrer, mas garanto que, fora do hospital psiquiátrico, se corre mais riscos.
Já passei por algumas situações bem interessantes e vou contar algumas aqui.


Caso 1
Antes preciso falar um pouco sobre o que chamamos de pensamento concreto, que ocorre nos pacientes esquizofrênicos, à medida que a doença vai se agravando. O pensamento concreto é decorrente da perda da capacidade de abstração e interpretação. O paciente entende tudo na sua forma literal, concreta, mas percebe duplos sentidos, nem informações subjetivas.
Eu estava acompanhando um paciente que estava internado em um hospital psiquiátrico e vinha muito descuidado com a aparência e higiene. Antes de atendê-lo, alguém da enfermagem me disse que ele estava bem melhor. Sentei com ele e o diálogo foi este:
- Olá, Fulaninho! Como você está?
- Bem! Estou melhorando.
- Já está tomando banho?
Ele parou, pensativo, olhou para cima e disse:
- Não, doutora. Estou aqui conversando com a senhora.
Essa, eu mereci!


Caso 2
Estava eu atendendo uma paciente que estava internada, quando uma outra entrou no consultório, de forma nada discreta, interrompendo a consulta. Essa era uma paciente recém-admitida, que eu não conhecia ainda. Ela me encarou e afirmou que me conhecia. Expliquei que eu não estava lembrada, que iria atendê-la em seguida, mas antes ela deveria me deixar concluir a consulta em andamento. Ignorou minha solicitação e continuou:
- Eu conheço a senhora sim! Já trabalhei na sua casa.
- Não, fulaninha! Você deve estar me confundindo. 
Mas ela insistiu:
- Trabalhei sim! Você não é aquela rapariga que vivia enchendo a casa de macho?
Respirei fundo, engoli a risada e esclareci:
- Não. Você está enganada. Deve estar me confundindo com outra pessoa.
Ela pareceu contrariada. Depois olhou para a outra paciente (a dona da consulta), que continuava sentada na minha frente. Soltou um sorrisinho faceiro e, com ar de cumplicidade, falou:
-Ah... Entendi! A Sra não quer que ninguém saiba, né?


Caso 3 (O último por hoje)
Tenho um paciente, na clínica, que esteve em uma crise muito grave, há uns 3 ou 4 meses. Vou chamá-lo aqui de Ivan (esse não é seu nome verdadeiro) Ele achava que estavam querendo invadir sua casa e lhe matar. Não aceitava tomar medicações, pois achava que era veneno. Vivia trancado, assustado, desconfiado, nem conseguia dormir. Ir à clínica pra iniciar um tratamento: Nem pensar! Fui, com outras pessoas da equipe, fazer uma visita à casa de Ivan. Quase que ele não nos deixava entrar. Decidi fazer uma medicação injetável, mas não estava presente nenhum profissional da enfermagem. Fui eu quem teve que aplicar a injeção.
Ele vem melhorando e já aceita ir à clínica para realizar o tratamento. Na última semana, eu estava super-ocupada e ele encarnou dizendo que queria falar comigo. Eu tentei explicar que outros pacientes estavam mais graves e ele iria ter que esperar o dia da sua consulta. Não teve jeito! Ele aproveitou a saída de um paciente e invadiu o consultório.
- Doutora, preciso lhe dizer uma coisa.
- Diga, Ivan - Vencida pela insistência.
- Eu acho que estou grávido da senhora.
- Como assim? - Disse fazendo cara de paisagem e engolindo o riso.
- Aconteceu naquele dia em que a senhora me aplicou aquela injeção... - E continuou com um discurso confuso, explicando seu delírio.
Fiquei encantada com a interpretação dele. De fato, meu ato foi muito simbólico. Fui lá, na casa dele, penetrei-o (com uma agulha) e deixei, no corpo dele, o meu líquido (a medicação). É claro que ele poderia estar grávido de mim. Como não pensei nisso antes? Sou apaixonada por essas mentes criativas.



terça-feira, 25 de outubro de 2011

Filhos dos meus filhos

No começo deste ano, tínhamos apenas 2 gatos: Haroldo com 3 anos e Liana com 2 anos. Ela já tinha cios regularmente, há pelo menos 1 ano, mas eles nunca tinham cruzado, mesmo a gente querendo muito que eles tivessem filhotinhos.



Em fevereiro, meu marido e eu fizemos uma viagem e passamos 15 dias fora de casa. Ao voltarmos, Liana estava mais gordinha, com barriguinha grande e crescendo sempre mais. Foi uma festa!
Os bebês nasceram em 09 de abril. Eram 2, mas um morreu logo na primeira semana, por causa de um acidente doméstico. Decidimos ficar com o filhotinho sobrevivente. Afinal, é o primeiro filhotinho de Liana e Haroldo, filho único, não conseguimos nos separar dele e passamos a chamá-lo de Corisco. Ele cresceu, se desenvolveu e nos trouxe muita alegria. É bastante travesso, brincalhão e dengosíssimo. Faz qualquer coisa por um colinho.



Estava pensando em dar anticoncepcional para Liana, quando comecei a achar ela mais gordinha e com a barriguinha crescida. Já era tarde demais. Estava gestante de novo. Haroldo demorou, mas aprendeu direitinho como fazer gatinhos. Corisco estava com 3 meses, ainda mamando, quando descobrimos a gestação. Nossos gatos dividem o apartamento conosco, não temos uma área reservada para eles, por isso tivemos dificuldade de interromper a amamentação e ele continuou mamando, apesar das nossas intervenções.
No dia 08 de agosto, nasceram os filhotinhos. Foram 4 (3 machos e 1 fêmea).




Liana se mostrou muito dedicada. Amamentou, cuidou e lambeu muito a cria. Os pequenos abriram os olhos, começaram a andar, aprenderam a brincar, mas, com um pouco mais de um mês, as coisas começaram a dar errado. Cheguei em casa e encontrei um dos pequenos muito molinho. Corri para a veterinária, mas era tarde demais. O filhotinho morreu. No dia seguinte, a história se repetiu e morreu outro machinho. As necrópsias não esclareceram a causa, mas nos levou a pensar em desnutrição. Todos bebês estavam muito magros e, como ele são muito peludos, eu não percebi. Liana vinha sendo espoliada há 7 meses e também estava muito magra, mesmo usando suplemento alimentar. Ela passou fevereiro e março gestando os primeiros filhotes, abril e maio amamentando, junho e julho amamentando e gestando novamente e agosto e metade de setembro amamentando. Ela não conseguiu nutrir 4 filhotes. Quando os 2 bebês morreram e nos demos conta da desnutrição deles, a fêmea, que chamávamos de Doralice, estava menos ativa, brincando pouco e o machinho estava normal. Investi muito na nutrição deles, mas só consegui salvar um. Doralice ainda resistiu por uma semana.


Agora temos em casa um filhotinho ativo, brincalhão, esperto, que come muita ração e ainda mama. Está crescendo. Tem um “buchão”, mas ainda não atingiu o peso adequado. Está com 2 meses e 18 dias. Ele usa direitinho a areia sanitária. Já está pronto para ganhar uma família nova. Ele será filho de Aline e Querido e se chamará Pantufa.
Estão aqui algumas fotos de Pantufa:



Aline e Querido, cuidem bem do pequeno. Espero que vocês consigam dar a ele muito amor, carinho, afeto e atenção, pois certamente vocês receberão isso dele. Que ele traga alegria pra vocês. E por favor não me deixem sem notícias, nem sem fotos. Abraço forte!






sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Xô, culpa!

Nos últimos dias, vivi tantas experiências novas. Tive esperança, ansiedade, alegria, euforia, tristeza, angústia, irritação, impaciência... Há tanto o que abordar, mas vou me deter em uma situação que me incomodou bastante: o sentimento de culpa do meu marido, quando nossa FIV não deu certo.
Ele me falou que se sentia culpado por eu estar passando por aquela situação e disse que, se eu estivesse com outra pessoa, não teria esse problema.
Quem me garante que eu não teria esse mesmo problema? E, ainda que não tivesse esse, com toda certeza teria outros, talvez até mais difíceis de lidar do que com a infertilidade. É muito injusto ele se colocar como culpado, uma vez que é vítima. Ninguém tem culpa por ter um problema de saúde, digo, ele não tem culpa, não fez nada que pudesse prejudicar sua saúde. São as fatalidades da vida, eventos que não se explicam. Eu escolhi um homem pra casar, pra ser meu companheiro, não um reprodutor. E tenho muito orgulho da forma como o maridão lida com sua pouca fertilidade. Ele a assume. Vejo muitos “machões” por aí negando o problema, escondendo-o de suas parceiras, se negando a investigar e tratar. Meu maridão me avisou desde o início do namoro. Ele fez e faz todo o tratamento necessário sem nenhum preconceito ou má vontade.
Nós desejamos muito ter filhos, mas, mais importante que gerar filhos, é viver bem, com amor e harmonia. Isso a gente faz! Os filhos são consequência e eles certamente virão, seja por Fertilização ou por adoção.
Os filhos chegam na vida do casal de forma muito espaçosa. Tomam conta de tudo. Tornam-se o centro da vida. Eles, ao mesmo tempo em que unem o casal, também o separam. Deixa- se de pensar em eu e você para se pensar em nós para eles, os filhos. Praticamente tudo é para eles. E, bem disfarçadamente, essas pequenas criaturinhas começam a crescer, se desenvolver, ter ganhos sociais, adquirir autonomia e, aos pouquinhos, vão indo embora, vão ocupando menos e menos espaço. Nesse momento, o casal volta a ser como antes, só os dois. Está aí a importância de se viver bem, com amor e harmonia.
Estou muito feliz com o marido que escolhi. Vejo-nos, daqui a uns 30 anos, conversando, rindo juntos, assistindo filmes, apoiando-nos um ao outro. Vejo-me lendo um livro ao seu lado ou admirando-o enquanto canta e toca seu violão. Diante de tudo isso, que importa a forma como nossos filhos virão?



quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Continuar tentando



Para conseguir passar no vestibular, foram 3 tentativas.
Para passar na prova da Residência, 2 tentativas.
Para achar o homem certo pra casar, sei lá quantas tentativas.
Eu nunca acerto ou consigo o que quero de primeira. Foi assim nas situações anteriormente citadas e com muitas outras menos importantes, como a escolha do carro pra comprar, a escolha do apartamento, aquela viagem etc...
Eu devia prever que não conseguiria engravidar na primeira tentativa da FIV.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Esperando esperar



Há quase um mês, venho investindo e esperando. Teve a fase da estimulação ovariana, captação de óvulos, fertilização propriamente dita, transferência dos embriões para o útero e repouso, muito repouso. Essas fases já foram ultrapassadas. Chegou a hora do diagnóstico da gravidez. Hoje seria o grande dia, mas vou ter que esperar mais um pouco. Gostaria muito de ter uma confirmação hoje, mas meu β-HCG veio muito baixinho e meu médico achou necessário repetir o exame após 3 dias, pra ter certeza.
Há quase um mês estou esperando e daí? O que é 1 mês para quem pretende passar mais 8, esperando?

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

A ansiedade que me acompanha



Lembro claramente do dia em que passei no vestibular. Já vinha tentando há 2 anos, sem sucesso.  Naquele terceiro ano, já tinha sido reprovada na faculdade estadual e aguardava o resultado da federal. Meu curso só era oferecido nessas duas faculdades.
Paralelamente, vinha pensando que já fazia 3 anos que estava fazendo cursinhos pré-vestibular, estudando os mesmos assuntos, já estava chegando no meu limite e decidi que, caso não passasse novamente, continuaria tentando nos anos seguintes, mas não iria fazer cursinho indefinidamente. Então me inscrevi no vestibular de uma faculdade particular, para o curso de psicologia. Era um curso que me despertava interesse e achava que seria bom estudar o assunto, enquanto não chegava o vestibular do ano seguinte. O resultado saiu antes do da federal e eu passei. Pior, passei em 2º lugar. Pensei que um resultado como esse iria me tranquilizar, mas não foi isso que aconteceu. Minha ansiedade aumentou. E se eu me apaixonasse pelo curso? E se me acomodasse com a vida universitária e ficasse desestimulada pra estudar para o vestibular? Eu sabia que precisava atingir meu objetivo e cursar medicina, pois, caso contrário, não iria tolerar bem as dificuldades e frustrações inerentes a qualquer profissão. Sempre iria pensar: “Se eu fosse médica, isso não aconteceria.” “Se eu fosse médica, as coisas seriam diferentes.” “Se eu fosse médica, seria mais feliz.”
Nas vésperas da divulgação do listão da federal, já tinha me programado. Queria ir ver o listão, lá no cursinho, mas só iria à noite, algumas horas após a sua divulgação. Não estava disposta a me deparar com aquelas manifestações de emoção tão contraditórias. Colegas gritando de alegria, outros tendo crises de choro, uns pulando e se abraçando, outros fugindo cabisbaixos. Não queria viver aquilo novamente.
Chegado o dia do listão, estava com meu pai em um shopping. Íamos pegar minha mãe, que nos esperava na casa de Vovó para depois voltar para casa. Quando entramos no carro, liguei o rádio e ouvi uma vinhetinha, a música característica e aquela ladainha. “Caro Fera, daqui a pouco será feita divulgação do listão da Federal. Ele já saiu da COVEST e está seguindo para... blá, blá, blá...” ENLOUQUECI!!!!
- Pai, vamos AGORA ver esse listão!
- Mas você não disse que só queria ver mais tarde?
- Aguento não! Vamos agora!
- E sua mãe? Se a gente for sem ela, ela não vai gostar.
- Então vamos buscá-la, mas bem rápido.
Fomos para a casa de Vovó. Ao chegar lá, ela estava com a manicure, pintando as unhas.
- Vamos! Vamos! Bora!
- E eu vou sair com uma unha pintada e a outra não?
- Então vai logo!
E fiquei numa ansiedade monstra. De minuto em minuto, perguntava: “Acabou?” “Vamos?”
Enfim, fomos! Ao chegar no cursinho, encontrei um colega que me deu um abração e saiu me puxando pelo braço, em direção ao local do listão, dizendo que tinha uma coisa pra me mostrar. Era o meu nome entre os aprovados em medicina, na UFPE. Minha reação foi ler, reler, conferir nome, curso, número de matrícula... Meu pais começaram a me abraçar, mas não consegui me alegrar. Era difícil de acreditar. Depois fui me acostumando com a idéia aos poucos e fui me alegrando.
Hoje fiquei lembrando dessa história porque amanhã vou fazer o exame de sangue pra saber se estou grávida. Fiz a Fertilização in Vitro há 14 dias e desde então venho me mantendo em repouso e aguardando esse momento, de fazer o β-HCG. Hoje, estou com a cabeça bem organizadinha, sem muita ansiedade, sabendo que o resultado pode ser negativo e o mundo não vai acabar por isso. Porém sinto que provavelmente isso não vai continuar assim, como aconteceu na época do vestibular, quando todo o meu auto-controle foi por água a baixo e eu me entreguei à ansiedade e à emoção.
Sendo assim, o dia de amanhã promete! Então que venha.


domingo, 2 de outubro de 2011

Será que já posso?

Não sei exatamente qual foi a fonte, mas há muito tempo sei que, antes de ser mãe, precisaria passar por dois “estágios”. O primeiro é cuidar de uma plantinha e o segundo, de um animal. Superados esses dois desafios, teria dado provas de ser capaz de cuidar de seres vivos e estaria apta para cuidar de crianças.


Quando era criança, morava em uma casa que tinha, no quintal uma roseira e algumas fruteiras. Um dia ganhei uma roseira mesquita. Achei lindo ter rosas em miniatura, mas a plantinha não ficava florida todo o tempo e acabou ficando sem graça. Depois de crescida, fiz várias tentativas de cuidar de plantas. Nenhuma deu certo. Matei umas 3 ou 4 roseiras, 2 bonsais e uma samambaia. De fato, as plantas e eu não nos entendemos. 


Resolvi pular esse teste. Ele era pré-requisito para o próximo, mas achei que seria melhor ignorar essa informação. E decidi criar um animalzinho.
Deparei-me com um problema: Meu pai. Ainda morava com ele, que não aceitava animais sujando a casa. A solução foi criar peixinhos. Fiquei animadíssima. Fui ao mercado e comprei aquário, bomba, ração, pedrinhas, plantinhas aquáticas e 10 peixinhos, digo, 11 pois ganhei um de brinde. Coloquei tudo no carro e, sem experiência nenhuma, fui montar meu aquário. Fiquei chocada quando cheguei em casa e encontrei 2 peixinhos mortos. Liguei pra um amigo, Eduardo, que cria peixes há muitos anos e tem um aquário belíssimo.  “Ah! Desencana! Peixes são muito frágeis e morrem por qualquer motivo. Você deve tê-los chacoalhado muito durante o transporte.” OK! Então vamos cuidar dos sobreviventes.
Enchi o aquário, seguindo todas as orientações do mestre Eduardo. Quando passei os peixinhos para ele, de imediato, um ficou imóvel e de barriga pra cima. Lá se foi mais um. Ao final do dia, eu tinha um aquário lindo com 8 peixinhos e, em um saquinho , 3 cadaverezinhos. “Alô! Eduardo? Eu moro em apartamento. Como faço o funeral dos peixinhos?” “O que???? Colocar no vaso sanitário e dar descarga????!!!!!” Que horror! Pior que a morte é a falta de dignidade.
Nos dias que se seguiram, precisei dar descarga uma ou duas vezes por dia, até restarem apenas 2 peixinhos no aquário. Aguardei uns dias e eles se mantiveram vivos. “Ah, acho que agora peguei o jeito da coisa.”


 Voltei ao mercado e comprei mais peixinhos. O aquário virou uma festa, animado, colorido, cheio de vida. Mas no dia seguinte...
“Eduardo, SOCORROOO!!!”
Ele só ria e me chamava de estressada. E morreu um e outro e mais outro até restar apenas uma fêmea... grávida! Ela estava grávida!!!!! Enfim, vida novamente ao aquário! Nasceram os peixinhos, tão pequenininhos que quase não os enxergava. Alguns dias mais tarde já os encontrava com facilidade. Estavam mais crescidinhos. Mais dias se passaram e passei a não encontrar todos. “Será que estão morrendo?”
- Eduardo!!!!!
- Seu aquário está bem sujo?
- Claro que não! Está bem limpinho.
- Então vai morrer tudinho!
- O que????
- Os filhotes se alimentam de lodo e matéria orgânica que fica no fundo do aquário. Agora, o que você pode fazer é dissolver a comida em água até formar uma laminha e colocar pra eles. Pode ser que dê certo.
Obedeci! Em parte, funcionou. As mortes se tornaram menos frequentes, mas nenhum dos filhotes ficou adulto. Desisti do aquário. Quem foi que falou que aquário acalma e tranquiliza?
A uma altura dessas pensava: ”Todo ser vivo que fica aos meus cuidados morre. Será que vou matar meus filhos?”
Em fevereiro de 2008, estava me organizando pra casar. Já tínhamos apartamento alugado, que era onde meu então noivo estava morando. Foi quando conversei com uma colega que criava um gato Persa. Ela me falou, de forma apaixonada, o quão maravilhoso é criar Persas. São criaturinhas calmas, companheiras e independentes. Fazem suas necessidades no lugarzinho correto e são carinhosos sem serem carentes. Surtei! “Quero um Persa! Quero um Persa! Quem me vende um Persa?” Passei a ler tudo sobre a raça, ver fotos na internet e ligar pra todos os Pet Shops.
Faltavam 4 meses para o meu casamento. Conversei com meu noivo e convenci-o de aceitar o gatinho, na nossa futura casa, e me comprometi a ir lá diariamente pra cuidar dele. Então surgiu Haroldo em nossas vidas. Era um filhotinho de 2 meses. Enfim deu certo! 


Haroldo não morreu, pelo contrário, cresceu, se desenvolveu, está bem nutrido, vacinado, vermifugado, saudável e feliz. Depois de um ano, comprei uma companheira para Haroldo, Liana.


E, no ano seguinte, chegou Kerida, uma Ararajuba muito carinhosa, carente, dócil e escandalosa.


Há quase 6 meses, nasceu Corisco, filho de Haroldo e Liana.


Agora, cuido de 4 animaizinhos e dou conta direitinho. Já passamos por situações de doença e fui capaz de superar. Educo, cuido, dou remédios, escovo dentes, dou banho, amo e sou amada por eles. Acho que já posso ser mãe!


segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Esperando...

Agora estou eu aqui, pelo quarto dia consecutivo, deitada na minha cama, com meus 3 embriõezinhos na barriga.
No último dia 20 de setembro, foram retirados 7 óvulos dos meus ovários. Após algumas horas, apenas 5 estavam viáveis. Dos 5, apenas 4 fertilizaram e dos 4, só 3 se desenvolveram. Então no último dia 23 de setembro, foi feita a transferência de 3 embriões para o meu útero. Fiquei encantada. É impressionante chegar na clínica sendo somente eu e sair de lá sendo "nós 4".
A maioria das etapas da Fertilização in vitro (FIV) são bem conhecidas e controladas, mas me deparei com o mistério do procedimento, a etapa sob a qual não se tem controle. O que acontece após a transferência dos embriões pra o útero que leva ou não à gravidez? Não se sabe porquê umas mulheres engravidam e outras não. Os embriões desenvolveram bem, estão com ótimo aspecto, o repouso é respeitado e por que não vem a gravidez? Ou o contrário, a mulher já tem mais de 40 anos, só se conseguiu poucos embriões ou eles não estão com o aspecto muito bom e por que vem a gravidez? Deus, o dono da vida, ainda não permitiu que os homens conheçam, com clareza, todo o processo. Mas já permitiu muuuuito.
Dentre os procedimentos e exames, o mais chatinho foi a captação dos óvulos. Foi feita sob sedação, mas depois fiquei com o abdome inferior doendo um bocado. Nada insuportável, mas um desconforto contínuo. O motivo do desconforto é a manipulação dos ovários e a perfuração da parede vaginal, como mostra a foto a seguir:




Tive muito medo de fazer a histerossalpingografia, pois já tinha ouvido algumas pessoas falarem que é um exame muito doloroso. Fiz com um método em que não se pinça o colo do útero e foi muito tranquilo. Não incomodou quase nada.
Bom, de qualquer forma, tudo isso já passou e minha tarefa é continuar aqui, deitadinha e quietinha.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Fertilização in vitro






A Fertilização In Vitro, também chamada de FIV ou de "bebê de proveta", foi uma das grandes conquistas no tratamento da infertilidade.  A primeira FIV bem sucedida ocorreu em 1978, na Inglaterra, e dela nasceu Louise Brown. No Brasil, a primeira criança nascida por FIV foi Ana Paula Caldeira, em 07 de outubro de 1984.
A Fertilização in vitro é um procedimento reservado para casais que já tentaram outras formas de tratamento ou para aqueles que têm impossibilidade de obterem uma gravidez por métodos naturais ou assistidos. Sua realização exige muito do casal, emocional, física e financeiramente. Consiste na fecundação dos óvulos, pelos espermatozóides, fora do corpo, em laboratório.
Inicialmente se usa medicações para se estimular a maturação dos folículos ovarianos. Acompanha-se o crescimento folicular por meio de ultrassonografias e, na hora certa, se faz a retirada dos óvulos. No mesmo dia, coleta-se também os espermatozóides e os colocam em contato com os óvulos colhidosAssim, 24 horas depois da fertilização, espera-se ter embriões com 2 células. Após 48 horas, embriões com 4 células. Após 72 horas, eles devem ter 8 células e assim por diante, numa divisão celular (clivagem) em progressão geométrica. A transferência desses embriões para o útero deve ser então efetuada cerca de 3 dias após a coleta dos óvulos.
Depois é só fazer muito repouso, seguir a prescrição médica e fazer o teste de gravidez após 2 semanas.


Atualmente, a Fertilização in vitro vem se tornando um procedimento mais conhecido, a técnica vem se aprimorando e os resultados, melhorando. No Brasil, existem mais de 150 clínicas de reprodução humana, onde são concebidas cerca de 4 mil crianças por ano. E esse número não pára de crescer.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

O rato




Não podia deixar de compartinhar uma situação bem interessante que vivi.
Há cerca de 1 mês, veio ao meu apartamento um rapaz, para fazer a dedetização. Ele começou o trabalho e, em um determinado momento, me chamou pra mostrar que estava faltando uma peça no ralo do meu banheiro. Muito atencioso, explicou a importância da pecinha. Disse que, sem ela, poderiam subir, pelo ralo, baratas e até ratos. “A Sra sabe, né? Os ratos conseguem passar por lugares muito estreitos, pois eles são invertebrados.” Engoli seco, tentei, mas não consegui ficar calada. Expliquei que os ratos são mamíferos, são vertebrados. Não sei como eles conseguem passar por espaços tão pequenos, mas não são invertebrados.
Ele me olhou com ar de superioridade, um tanto indignado. Se eu tivesse o poder de ler mentes, certamente teria lido algo do tipo: “Trabalho todo dia com isso e essa daí tá querendo saber mais que eu. Desaforo!” Ele então falou: “Bom, ele pode até não ser invertebrado, mas, de uma coisa tenho certeza, ratos não tem ossos!”
O que mais eu poderia dizer? Hehehe...

segunda-feira, 28 de março de 2011

Ambivalência



Há poucos dias, estava lendo o livro Comer, Rezar, Amar, de Elizabeth Gilbert. E achei extremamente interessante quando ela fala que ter um filho é como fazer uma tatuagem na cara. Você tem que ter certeza do que quer. Eu disse pra mim mesma, acho até que foi em voz alta: "Eu quero! Quero mesmo! Quero muito!" Disso, eu não tenho a menor dúvida.
E não pude deixar de pensar na ambivalência que venho vivendo. O desejo de ser mãe é enorme e muito presente, até determinante na minha vida. Contudo meus atos não revelam isso.

No início de janeiro, tinha uma consulta marcada com o ginecologista que fará minha Fertilização in Vitro. E adivinhem só... Esqueci a consulta! Como pude fazer isso? Como pude esquecer a consulta que tanto esperei? Puxa! Mal consegui acreditar no que havia acontecido. Entretanto, só o que podia fazer era remarcar a consulta e esperar tudo de novo.
Nas vésperas da nova consulta, deixei lembretes na agenda, no celular. O maridão estava avisado. Não tinha como esquecer. Fomos à consulta. O ponta-pé inicial foi dado. VIVA!!!!! Ele me solicitou vários exames, como era de se esperar. Saí de lá meio assustada com a quantidade de exames, mas disposta a fazê-los. Esperei passar o carnaval, depois o período menstrual, depois...
Bom, ainda não sei o que estou esperando. Sei apenas que já se passaram 34 dias, desde a consulta, e ainda não fiz exame algum.

domingo, 13 de março de 2011

Carnaval é paixão.



Com o fim do carnaval, vem a sensação de alívio.
Não digo isso por não gostar do carnaval. Gosto sim! Gosto muito!
O carnaval é uma festa linda, diversa, colorida, divertida, repleta de manifestações populares. Então por que o alívio? Porque, durante poucos dias, dança-se muito, dorme-se pouco, alimenta-se mal. As pessoas se expõem a acidentes, ao sol, a adversidades e até a algumas drogas. O sexo se torna irresponsável. Os cuidados com a saúde e com a higiene diminuem. As viroses chegam. A euforia, a emoção e o ritmo frenético do carnaval refletem no corpo e o sobrecarregam. Essa festa maravilhosa precisa ser curta.
Sempre comparo o carnaval com a paixão, que é arrebatadora, espaçosa e até sufocante, mas necessária. Todos deveriam viver uma paixão, bem como um carnaval. E, assim como o carnaval, a paixão precisa ser temporária. Ela precisa ceder seu espaço para o amor, que chega trazendo alívio e brandura.
O calor do amor nos salva do fervor da paixão. E a alegria, que nos proporciona, nos livra da euforia. O amor nos salva do cansaço da paixão.
Depois da paixão, que venha o amor!
Depois do carnaval, que venha o São João!
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