sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Um Anjo Chamado Tarsila



Há uns meses, uma amiga me pediu que fosse ao abrigo que ela costuma visitar para atender uma criança, que havia adoecido. Tive muito boa vontade em atender essa criança, mas confesso que fiquei com um certo receio. Não sabia o que iria encontrar lá. Certamente veria diversas crianças abandonadas, carentes talvez. Será que o sofrimento do abandono seria perceptível em um contato como esse? 
Ao chegar lá, fui logo atender o meu pacientezinho VIP, depois atendi mais 3 e por fim fui conhecer o abrigo, um lugar com jeito de casa. Para a minha surpresa, estava limpo e arrumado, na medida do possível. Lá não havia luxo, mas o básico estava garantido. Encontrei cerca de 40 crianças. A maioria brincava no pátio e estavam alegres. Algumas ficaram curiosas com a visitante e me encheram de perguntas e solicitações. Observei uma menina sentada em um pequeno batente, brincando sozinha. Depois se levantou e foi se juntar às outras. Fiquei observando aquela garota moreninha, cabelos escuros e lisos, 4 anos, fofinha, sorridente e que parecia se deliciar com as brincadeiras. Ela transparecia alegria e liderança. Aparentava ser completamente normal. Mas, como é possível que uma menina que reside em um abrigo, longe do aconchego da família possa ser assim, tão imaculada, tão perfeitamente criança? Ainda não tenho a resposta, mas Tarsila é assim. Certamente outras também o são, só não tive disponibilidade para perceber. Tarsila me encantou e ela nem imagina o quanto. 
Fui informada que ela não estava entre aqueles que aguardavam por pais adotivos. Que pena! Queria tanto poder cuidar dela. Esse pensamento me causou espanto. Eu estava me candidatanto a adotar uma criança com 4 anos. Isso vai de encontro a tudo que idealizei. Quando pensei em adotar um filho, fui intransigente em achar que obrigadoriamente teria que ter poucos dias de vida. Pensava que para ser mãe de verdade, ou talvez para que conseguisse me sentir mãe de verdade, teria que participar da vida do meu filho desde o início dela.
Se adotasse uma criança com, por exemplo, 9 meses, como lidaria com essa lacuna? Não teria presenciado o primeiro sorriso, o sustentar da cabecinha. Não teria passado pelo sufoco das noites sem dormir. Não teria ajudado a sentar, a engatinhar... Não teria informações sobre a história e o desenvolvimento do meu filho. Será que conseguiria me sentir mãe desse bebê?
Receberia um bebê que já sorri, senta, engatinha, já tomou vacinas, tem preferências alimentares e hábitos. Será que conseguiria amar esse estranho? Sentir-me-ia a mãe dele? Agora sei que a resposta para todas essas perguntas é SIM. Quem me deu essa resposta foi um anjinho, de 4 anos, chamado Tarsila.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Adoção




No final de 2009, decidimos adotar uma criança e imaginamos um bebê recém-nascido. Ao procurármos a Vara da Infância e da Adoscência, descobrimos que as crianças só são dadas para adoção após alguns meses de vida ( 6-8 meses). A grande maioria tem mais de 1 ano. Isso porque a justiça leva em consideração o estado puerperal e acha que, por causa da imensa alteração hormonal que ocorre na gestação e no pós-parto, a mulher não tem condiçôes de tomar uma decisão tão importante como a de criar ou não um filho. Então se aguarda alguns meses, na esperança de que, normalizando os hormônios, a mulher desista de doar seu filho. Quando alguns meses se passam e isso não acontece, inicia-se uma busca por familiares que possam e queiram adotar essa criança, para que ela não saia da sua família de sangue. Se nenhum tio, avó, primo tiver interesse em criar esse bebê, ele será oferecido aos casais inscritos no Cadastro Nacional de Adoção (CNA).
Se queríamos um bebê recém-nascido, teríamos que encontrar um meio não convencional, pois estava claro que não o conseguiríamos por meio do CNA. Conversamos com algumas pessoas conhecidas que tinham filhos adotivos e nos sugeriram que buscássemos uma Adoção Consentida. Adoção Consentida ou Adoção à Brasileira, na prática, consiste em receber uma criança de uma mãe que não a queira criar, sem levar a instâncias legais. Em seguida, se pode requerer sua guarda e, posteriormente, a adoção. Isso se fazia muito rapidamente. Conheci um casal que conseguiu a guarda definitiva de sua criança em apenas 3 meses. Era tudo o que queríamos. 
Começamos então a nossa busca. Tenho alguns amigos que moram no interior do estado, em locais em que a população é muito carente e os programas de planejamento familiar, pouco eficazes. Nesses locais é comum se dar crianças para adoção. Divulguei pra muita gente que queria um bebê, de preferência, uma menina.
Enquanto aguardávamos a nossa menina, conversamos com muita gente, inclusive alguns advogados. Fiquei sabendo da existência de uma nova lei para gerir as adoções. Ela entrou em vigor em janeiro de 2010 e estabelece, como principal via de adoção, o CNA e proíbe a Adoção Consentida. As mulheres têm o direito de escolher se querem ou não criar seu filhos, porém não podem mais escolher quem irá criá-los.
Ficamos inicialmente sem saber como proceder. Depois decidimos não ir adiante com a pretenção da adoção, pelo menos por enquanto. É que o tempo foi passando, se passou mais de 1 ano e chegou o momento que estávamos esperando, momento de tentar a fertilização in vitro. O filho adotivo virá em seguida. Se não ficou claro, desistimos da Adoção Consentida. Iremos nos inscrever no CNA, aguardar nossa vez e receber nosso filho conforme a lei.
Quando decidimos não correr o risco da Adoção Consentida, começaram a nos oferecer bebês. (Deus sabe o que faz!) E foram vários! Ainda hoje me ligam. Foram meninos, meninas, gêmeos do mesmo sexo, casais, branquinhos, pretinhos... Nossa! Não consegui não me impressionar com a quantidade de crianças abandonadas. Tomara que estejam mesmo indo para o CNA, para que essa fila ande logo.

domingo, 9 de janeiro de 2011

Amor que não acaba.




Começei a ler um livro que conta uma história de amor. Logo no prólogo, o narrador fala: "Nossa história tem 3 partes: Um começo, um meio e um FIM". Concluí, na terceira página do livro, que ele não é dos melhores, apesar das 5 milhões de cópias vendidas. Pelo menos nos livros, os amores deveriam ser eternos, INFINITOS.
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