terça-feira, 25 de outubro de 2011

Filhos dos meus filhos

No começo deste ano, tínhamos apenas 2 gatos: Haroldo com 3 anos e Liana com 2 anos. Ela já tinha cios regularmente, há pelo menos 1 ano, mas eles nunca tinham cruzado, mesmo a gente querendo muito que eles tivessem filhotinhos.



Em fevereiro, meu marido e eu fizemos uma viagem e passamos 15 dias fora de casa. Ao voltarmos, Liana estava mais gordinha, com barriguinha grande e crescendo sempre mais. Foi uma festa!
Os bebês nasceram em 09 de abril. Eram 2, mas um morreu logo na primeira semana, por causa de um acidente doméstico. Decidimos ficar com o filhotinho sobrevivente. Afinal, é o primeiro filhotinho de Liana e Haroldo, filho único, não conseguimos nos separar dele e passamos a chamá-lo de Corisco. Ele cresceu, se desenvolveu e nos trouxe muita alegria. É bastante travesso, brincalhão e dengosíssimo. Faz qualquer coisa por um colinho.



Estava pensando em dar anticoncepcional para Liana, quando comecei a achar ela mais gordinha e com a barriguinha crescida. Já era tarde demais. Estava gestante de novo. Haroldo demorou, mas aprendeu direitinho como fazer gatinhos. Corisco estava com 3 meses, ainda mamando, quando descobrimos a gestação. Nossos gatos dividem o apartamento conosco, não temos uma área reservada para eles, por isso tivemos dificuldade de interromper a amamentação e ele continuou mamando, apesar das nossas intervenções.
No dia 08 de agosto, nasceram os filhotinhos. Foram 4 (3 machos e 1 fêmea).




Liana se mostrou muito dedicada. Amamentou, cuidou e lambeu muito a cria. Os pequenos abriram os olhos, começaram a andar, aprenderam a brincar, mas, com um pouco mais de um mês, as coisas começaram a dar errado. Cheguei em casa e encontrei um dos pequenos muito molinho. Corri para a veterinária, mas era tarde demais. O filhotinho morreu. No dia seguinte, a história se repetiu e morreu outro machinho. As necrópsias não esclareceram a causa, mas nos levou a pensar em desnutrição. Todos bebês estavam muito magros e, como ele são muito peludos, eu não percebi. Liana vinha sendo espoliada há 7 meses e também estava muito magra, mesmo usando suplemento alimentar. Ela passou fevereiro e março gestando os primeiros filhotes, abril e maio amamentando, junho e julho amamentando e gestando novamente e agosto e metade de setembro amamentando. Ela não conseguiu nutrir 4 filhotes. Quando os 2 bebês morreram e nos demos conta da desnutrição deles, a fêmea, que chamávamos de Doralice, estava menos ativa, brincando pouco e o machinho estava normal. Investi muito na nutrição deles, mas só consegui salvar um. Doralice ainda resistiu por uma semana.


Agora temos em casa um filhotinho ativo, brincalhão, esperto, que come muita ração e ainda mama. Está crescendo. Tem um “buchão”, mas ainda não atingiu o peso adequado. Está com 2 meses e 18 dias. Ele usa direitinho a areia sanitária. Já está pronto para ganhar uma família nova. Ele será filho de Aline e Querido e se chamará Pantufa.
Estão aqui algumas fotos de Pantufa:



Aline e Querido, cuidem bem do pequeno. Espero que vocês consigam dar a ele muito amor, carinho, afeto e atenção, pois certamente vocês receberão isso dele. Que ele traga alegria pra vocês. E por favor não me deixem sem notícias, nem sem fotos. Abraço forte!






sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Xô, culpa!

Nos últimos dias, vivi tantas experiências novas. Tive esperança, ansiedade, alegria, euforia, tristeza, angústia, irritação, impaciência... Há tanto o que abordar, mas vou me deter em uma situação que me incomodou bastante: o sentimento de culpa do meu marido, quando nossa FIV não deu certo.
Ele me falou que se sentia culpado por eu estar passando por aquela situação e disse que, se eu estivesse com outra pessoa, não teria esse problema.
Quem me garante que eu não teria esse mesmo problema? E, ainda que não tivesse esse, com toda certeza teria outros, talvez até mais difíceis de lidar do que com a infertilidade. É muito injusto ele se colocar como culpado, uma vez que é vítima. Ninguém tem culpa por ter um problema de saúde, digo, ele não tem culpa, não fez nada que pudesse prejudicar sua saúde. São as fatalidades da vida, eventos que não se explicam. Eu escolhi um homem pra casar, pra ser meu companheiro, não um reprodutor. E tenho muito orgulho da forma como o maridão lida com sua pouca fertilidade. Ele a assume. Vejo muitos “machões” por aí negando o problema, escondendo-o de suas parceiras, se negando a investigar e tratar. Meu maridão me avisou desde o início do namoro. Ele fez e faz todo o tratamento necessário sem nenhum preconceito ou má vontade.
Nós desejamos muito ter filhos, mas, mais importante que gerar filhos, é viver bem, com amor e harmonia. Isso a gente faz! Os filhos são consequência e eles certamente virão, seja por Fertilização ou por adoção.
Os filhos chegam na vida do casal de forma muito espaçosa. Tomam conta de tudo. Tornam-se o centro da vida. Eles, ao mesmo tempo em que unem o casal, também o separam. Deixa- se de pensar em eu e você para se pensar em nós para eles, os filhos. Praticamente tudo é para eles. E, bem disfarçadamente, essas pequenas criaturinhas começam a crescer, se desenvolver, ter ganhos sociais, adquirir autonomia e, aos pouquinhos, vão indo embora, vão ocupando menos e menos espaço. Nesse momento, o casal volta a ser como antes, só os dois. Está aí a importância de se viver bem, com amor e harmonia.
Estou muito feliz com o marido que escolhi. Vejo-nos, daqui a uns 30 anos, conversando, rindo juntos, assistindo filmes, apoiando-nos um ao outro. Vejo-me lendo um livro ao seu lado ou admirando-o enquanto canta e toca seu violão. Diante de tudo isso, que importa a forma como nossos filhos virão?



quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Continuar tentando



Para conseguir passar no vestibular, foram 3 tentativas.
Para passar na prova da Residência, 2 tentativas.
Para achar o homem certo pra casar, sei lá quantas tentativas.
Eu nunca acerto ou consigo o que quero de primeira. Foi assim nas situações anteriormente citadas e com muitas outras menos importantes, como a escolha do carro pra comprar, a escolha do apartamento, aquela viagem etc...
Eu devia prever que não conseguiria engravidar na primeira tentativa da FIV.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Esperando esperar



Há quase um mês, venho investindo e esperando. Teve a fase da estimulação ovariana, captação de óvulos, fertilização propriamente dita, transferência dos embriões para o útero e repouso, muito repouso. Essas fases já foram ultrapassadas. Chegou a hora do diagnóstico da gravidez. Hoje seria o grande dia, mas vou ter que esperar mais um pouco. Gostaria muito de ter uma confirmação hoje, mas meu β-HCG veio muito baixinho e meu médico achou necessário repetir o exame após 3 dias, pra ter certeza.
Há quase um mês estou esperando e daí? O que é 1 mês para quem pretende passar mais 8, esperando?

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

A ansiedade que me acompanha



Lembro claramente do dia em que passei no vestibular. Já vinha tentando há 2 anos, sem sucesso.  Naquele terceiro ano, já tinha sido reprovada na faculdade estadual e aguardava o resultado da federal. Meu curso só era oferecido nessas duas faculdades.
Paralelamente, vinha pensando que já fazia 3 anos que estava fazendo cursinhos pré-vestibular, estudando os mesmos assuntos, já estava chegando no meu limite e decidi que, caso não passasse novamente, continuaria tentando nos anos seguintes, mas não iria fazer cursinho indefinidamente. Então me inscrevi no vestibular de uma faculdade particular, para o curso de psicologia. Era um curso que me despertava interesse e achava que seria bom estudar o assunto, enquanto não chegava o vestibular do ano seguinte. O resultado saiu antes do da federal e eu passei. Pior, passei em 2º lugar. Pensei que um resultado como esse iria me tranquilizar, mas não foi isso que aconteceu. Minha ansiedade aumentou. E se eu me apaixonasse pelo curso? E se me acomodasse com a vida universitária e ficasse desestimulada pra estudar para o vestibular? Eu sabia que precisava atingir meu objetivo e cursar medicina, pois, caso contrário, não iria tolerar bem as dificuldades e frustrações inerentes a qualquer profissão. Sempre iria pensar: “Se eu fosse médica, isso não aconteceria.” “Se eu fosse médica, as coisas seriam diferentes.” “Se eu fosse médica, seria mais feliz.”
Nas vésperas da divulgação do listão da federal, já tinha me programado. Queria ir ver o listão, lá no cursinho, mas só iria à noite, algumas horas após a sua divulgação. Não estava disposta a me deparar com aquelas manifestações de emoção tão contraditórias. Colegas gritando de alegria, outros tendo crises de choro, uns pulando e se abraçando, outros fugindo cabisbaixos. Não queria viver aquilo novamente.
Chegado o dia do listão, estava com meu pai em um shopping. Íamos pegar minha mãe, que nos esperava na casa de Vovó para depois voltar para casa. Quando entramos no carro, liguei o rádio e ouvi uma vinhetinha, a música característica e aquela ladainha. “Caro Fera, daqui a pouco será feita divulgação do listão da Federal. Ele já saiu da COVEST e está seguindo para... blá, blá, blá...” ENLOUQUECI!!!!
- Pai, vamos AGORA ver esse listão!
- Mas você não disse que só queria ver mais tarde?
- Aguento não! Vamos agora!
- E sua mãe? Se a gente for sem ela, ela não vai gostar.
- Então vamos buscá-la, mas bem rápido.
Fomos para a casa de Vovó. Ao chegar lá, ela estava com a manicure, pintando as unhas.
- Vamos! Vamos! Bora!
- E eu vou sair com uma unha pintada e a outra não?
- Então vai logo!
E fiquei numa ansiedade monstra. De minuto em minuto, perguntava: “Acabou?” “Vamos?”
Enfim, fomos! Ao chegar no cursinho, encontrei um colega que me deu um abração e saiu me puxando pelo braço, em direção ao local do listão, dizendo que tinha uma coisa pra me mostrar. Era o meu nome entre os aprovados em medicina, na UFPE. Minha reação foi ler, reler, conferir nome, curso, número de matrícula... Meu pais começaram a me abraçar, mas não consegui me alegrar. Era difícil de acreditar. Depois fui me acostumando com a idéia aos poucos e fui me alegrando.
Hoje fiquei lembrando dessa história porque amanhã vou fazer o exame de sangue pra saber se estou grávida. Fiz a Fertilização in Vitro há 14 dias e desde então venho me mantendo em repouso e aguardando esse momento, de fazer o β-HCG. Hoje, estou com a cabeça bem organizadinha, sem muita ansiedade, sabendo que o resultado pode ser negativo e o mundo não vai acabar por isso. Porém sinto que provavelmente isso não vai continuar assim, como aconteceu na época do vestibular, quando todo o meu auto-controle foi por água a baixo e eu me entreguei à ansiedade e à emoção.
Sendo assim, o dia de amanhã promete! Então que venha.


domingo, 2 de outubro de 2011

Será que já posso?

Não sei exatamente qual foi a fonte, mas há muito tempo sei que, antes de ser mãe, precisaria passar por dois “estágios”. O primeiro é cuidar de uma plantinha e o segundo, de um animal. Superados esses dois desafios, teria dado provas de ser capaz de cuidar de seres vivos e estaria apta para cuidar de crianças.


Quando era criança, morava em uma casa que tinha, no quintal uma roseira e algumas fruteiras. Um dia ganhei uma roseira mesquita. Achei lindo ter rosas em miniatura, mas a plantinha não ficava florida todo o tempo e acabou ficando sem graça. Depois de crescida, fiz várias tentativas de cuidar de plantas. Nenhuma deu certo. Matei umas 3 ou 4 roseiras, 2 bonsais e uma samambaia. De fato, as plantas e eu não nos entendemos. 


Resolvi pular esse teste. Ele era pré-requisito para o próximo, mas achei que seria melhor ignorar essa informação. E decidi criar um animalzinho.
Deparei-me com um problema: Meu pai. Ainda morava com ele, que não aceitava animais sujando a casa. A solução foi criar peixinhos. Fiquei animadíssima. Fui ao mercado e comprei aquário, bomba, ração, pedrinhas, plantinhas aquáticas e 10 peixinhos, digo, 11 pois ganhei um de brinde. Coloquei tudo no carro e, sem experiência nenhuma, fui montar meu aquário. Fiquei chocada quando cheguei em casa e encontrei 2 peixinhos mortos. Liguei pra um amigo, Eduardo, que cria peixes há muitos anos e tem um aquário belíssimo.  “Ah! Desencana! Peixes são muito frágeis e morrem por qualquer motivo. Você deve tê-los chacoalhado muito durante o transporte.” OK! Então vamos cuidar dos sobreviventes.
Enchi o aquário, seguindo todas as orientações do mestre Eduardo. Quando passei os peixinhos para ele, de imediato, um ficou imóvel e de barriga pra cima. Lá se foi mais um. Ao final do dia, eu tinha um aquário lindo com 8 peixinhos e, em um saquinho , 3 cadaverezinhos. “Alô! Eduardo? Eu moro em apartamento. Como faço o funeral dos peixinhos?” “O que???? Colocar no vaso sanitário e dar descarga????!!!!!” Que horror! Pior que a morte é a falta de dignidade.
Nos dias que se seguiram, precisei dar descarga uma ou duas vezes por dia, até restarem apenas 2 peixinhos no aquário. Aguardei uns dias e eles se mantiveram vivos. “Ah, acho que agora peguei o jeito da coisa.”


 Voltei ao mercado e comprei mais peixinhos. O aquário virou uma festa, animado, colorido, cheio de vida. Mas no dia seguinte...
“Eduardo, SOCORROOO!!!”
Ele só ria e me chamava de estressada. E morreu um e outro e mais outro até restar apenas uma fêmea... grávida! Ela estava grávida!!!!! Enfim, vida novamente ao aquário! Nasceram os peixinhos, tão pequenininhos que quase não os enxergava. Alguns dias mais tarde já os encontrava com facilidade. Estavam mais crescidinhos. Mais dias se passaram e passei a não encontrar todos. “Será que estão morrendo?”
- Eduardo!!!!!
- Seu aquário está bem sujo?
- Claro que não! Está bem limpinho.
- Então vai morrer tudinho!
- O que????
- Os filhotes se alimentam de lodo e matéria orgânica que fica no fundo do aquário. Agora, o que você pode fazer é dissolver a comida em água até formar uma laminha e colocar pra eles. Pode ser que dê certo.
Obedeci! Em parte, funcionou. As mortes se tornaram menos frequentes, mas nenhum dos filhotes ficou adulto. Desisti do aquário. Quem foi que falou que aquário acalma e tranquiliza?
A uma altura dessas pensava: ”Todo ser vivo que fica aos meus cuidados morre. Será que vou matar meus filhos?”
Em fevereiro de 2008, estava me organizando pra casar. Já tínhamos apartamento alugado, que era onde meu então noivo estava morando. Foi quando conversei com uma colega que criava um gato Persa. Ela me falou, de forma apaixonada, o quão maravilhoso é criar Persas. São criaturinhas calmas, companheiras e independentes. Fazem suas necessidades no lugarzinho correto e são carinhosos sem serem carentes. Surtei! “Quero um Persa! Quero um Persa! Quem me vende um Persa?” Passei a ler tudo sobre a raça, ver fotos na internet e ligar pra todos os Pet Shops.
Faltavam 4 meses para o meu casamento. Conversei com meu noivo e convenci-o de aceitar o gatinho, na nossa futura casa, e me comprometi a ir lá diariamente pra cuidar dele. Então surgiu Haroldo em nossas vidas. Era um filhotinho de 2 meses. Enfim deu certo! 


Haroldo não morreu, pelo contrário, cresceu, se desenvolveu, está bem nutrido, vacinado, vermifugado, saudável e feliz. Depois de um ano, comprei uma companheira para Haroldo, Liana.


E, no ano seguinte, chegou Kerida, uma Ararajuba muito carinhosa, carente, dócil e escandalosa.


Há quase 6 meses, nasceu Corisco, filho de Haroldo e Liana.


Agora, cuido de 4 animaizinhos e dou conta direitinho. Já passamos por situações de doença e fui capaz de superar. Educo, cuido, dou remédios, escovo dentes, dou banho, amo e sou amada por eles. Acho que já posso ser mãe!


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